26 de mar. de 2009

URUGUAIANA, A PRECURSORA

Parece que beber a água do velho rio Uruguai da aos habitantes deste recanto gaúcho uma especial tendência para antever e até antecipar o futuro. Coisas e atitudes que não despertam surpresa em nossos conterrâneos com o passar  do tempo mostram-se inovadoras e até mesmo revolucionarias.

A nos que quando criança brincávamos na várzea ribeirinha em frente à destilaria de petróleo nos parecia que aquela estrutura industrial sempre ali estivera. Só mais tarde fomos saber que aquela havia, sido a pioneira das processadoras do ouro negro  implantadas no país. Sonho de gente como os Ormazabal e os Telechea que antecipando o ideal do "petróleo é nosso" plantaram ali a Destilaria Uruguaianense de Petróleo, produtora da primeira marca de gasolina genuinamente brasileira, a "Sem Rival". Aquela foi a semente do que seria no futuro o grupo Ypiranga.

Não ficou só aí o espírito pioneiro da cidade, quando ainda só se conheciam as Sete Maravilhas do Mundo Antigo já lá eram proclamadas com orgulho as Sete Maravilhas de Uruguaiana: 1. A ponte internacional; 2. A Catedral; 3. A Agrícola e Pastoril; 4. O Cine-Theatro Carlos Gomes; 5. A Miss Brasil, Yolanda Pereira; 6. O quarto do Ivo Rodrigues e - the last but not lest- 7. A bunda da Dora Jacques.

As três primeiras ainda estão lá para que todos possam apreciá-las, são notáveis obras de arquitetura e engenharia. A quarta infelizmente desapareceu em um incêndio em meados do século passado e, para nossa tristeza Corbachito, filho de seu antigo dono, também tomou o caminho das nuvens ha alguns dias atrás. Da quinta delas, Yolanda Pereira, que foi a primeira Miss Brasil, talvez ainda hajam pessoas que lembrem dessa conterrânea cujo busto enfeita (ou enfeitava) a sala de leitura do Clube Comercial.

Já as duas ultimas são para mim as mais marcantes de uma época na cidade.

Todo visitante ilustre, talvez excetuando autoridades eclesiásticas, era levado a uma visita ao famoso quarto do Ivo, uma grande sala de pé direito alto, com duas sacadas, e as paredes recobertas de inacreditáveis enfeites, numa exposição que hoje poder-se-ia definir com primitiva, "kitch". Ali, sem que ainda se soubesse reinava soberana a primeira "drag queen" do Brasil, ou, quem sabe, do mundo. Priscila, a Rainha do Deserto, só iria surgir um quarto de século mais tarde. E quando se diz reinava a palavra de ser tomada em seu real sentido. Respeitado e respeitador aquele incrível personagem homossexual era aceito sem preconceitos numa sociedade fechada e machista como era a nossa naqueles tempos. A prova esta que estando seu caberá situado defronte a residência de um dos mais proeminentes membros da sociedade local este enquanto viveu não permitiu nunca que fosse fechada a casa do Ivo.

Já a última era a demonstração do orgulho local pela figura de uma moça da sociedade que, a par da sua simpatia e beleza, ostentava a mais bem conformada, esfuziante, cativante e desafiadora das bundas das quais se teve noticia. Uma ode às virtudes calipgíacas.

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Para acalmar os meus conterrâneos devo esclarecer que quando falei em minha ultima crônica que a culpa dos meus esquecimentos era do alemão Alzaimer, estava só repetindo uma piadinha muito comum aqui no Rio de Janeiro. Graças a Deus e a boa vida que levo até o momento meu equipamento físico não apresenta grande ou irreparável desgaste.

Meninas fiquem calmas! Não levem as coisas ao pé da letra.

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